sábado, outubro 03, 2009

pendular

a luz no canto se insinua, amarela e tênue. entra mais por uma das várias frestas da porta, que é vazada, por uma parte superior de basculhantes de vidro, pelos quais o vento põe movimentos nos tecidos e papeis espalhados dentro da casa. como se anunciasse o dia a vir e anunciando a entrada do visitante sempre provável, nunca com precisa hora marcada.
os habitantes já se fizeram afeitos a uma rotina espacial, às sinestesias que compõem a galeria de sentidos do lugar. os visitantes chegam e esperam convite de entrada, às vezes, é tão natural que parece uma entrada sem permissão, explícita. mas adentram e precisam acomodar os olhos à nova luz; às novas dimensões; cheiros; percursos; sons.
a cada passo dado, a cada vão de coração preenchido: movimentos de idas e vindas.
é preciso transpor os cortes, nadar braçadas de mar, se reinventar.

(para o moço alexandre, recém reconhecido amigo de longa data, de alma)

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