domingo, maio 08, 2011

agonia

por tanta pretensão
miúda
atravessei com os olhos
o vitral em cores
e disse na face dele
o dEUS
que arrancaria as flores
e do meu dedo ferido
faria um novo sol

meu silêncio
é minha eloquente renúncia
a que me doas novamente
que da tua misericórdia eu veja
somente a enchente
que afoga a ti mesma

mulher no espelho
que não se mira
a imagem de si estilhaça

te jogo meu fígado, o baço
lassas entranhas
minha carcaça
te jogo minhas teias desfeitas
no mesmo leito em que juraste
o da vida sempre
outro laço
aquele com que me suicidarias
mais tarde

apenas um pouco
mais tarde
ao por-se do sol
pelo menos

domingo, abril 24, 2011

Lançamento (em São Paulo) do livro "Copi: transgressão e escrita transformista"

EVENTO: Cidade a Travessa

QUANDO: 30/04/2011 (sábado), às 20h

ONDE: Casa das Rosas

ENDEREÇO: Av Paulista, 37 - Bela Vista - São Paulo

Fones: 11 32856986 e 32889447


Evento multimídia, envolvendo diversos poetas, performers, artistas e no qual haverá o lançamento "paulista" do meu livro Copi: Transgressão e Escrita Transformista.

sexta-feira, abril 15, 2011

Lançamento do livro "Copi: transgressão e escrita transformista"



Este livro, fruto de extensa pesquisa da professora Renata Pimentel, traz ao público brasileiro a obra e a vida do escritor, ator, dramaturgo e cartunista Raul Damonte Botana, ou simplesmente Copi, como costumava assinar. Argentino exilado na França, com obra amplamente reconhecida na Europa, sobretudo pela sua ousadia no que se referia ao rompimento de barreiras políticas e de preconceitos, Copi, ainda pouco conhecido no Brasil, ganha com esse livro a devida atenção, em momento de extrema relevância para os estudos da sexualidade e das transgressões de gênero. Em sua obra, abordou com ironia a sua própria condição de exilado e artista reconhecido somente fora de seu país, a definição dos gêneros literários, os movimentos políticos de esquerda e de direitos gays e até mesmo a aids, doença da qual foi vítima. Nada escapava ao seu humor sagaz e contundente - violência, amor, poesia, o mundo intelectual. A essência da arte transgressora e de múltiplas faces de Copi estava em descortinar o teatro do mundo e questionar suas verdades estabelecidas.



Queridos,


eu e Copi estamos esperando vocês, com sorrisos e páginas abertas, para o "nascimento" em papel e tinta do meu livro: "Copi: transgressão e escrita transformista", pela Ed. Confraria do Vento.


Data: 16/04/2011


Horário: a partir das 17h


Local: Bar e restaurante Casa da Moeda, Rua da Moeda, 150 - Recife Antigo (Recife - PE)


Não deixem de vir a essa celebração comigo.


Beijos,


Renata (Lagarta)

quinta-feira, março 31, 2011

da urbe ao sapo


o sapo manoelino

se sabe do charco

como natura de origem

e senhorio despossuído do espaço


mas o sapo urbano


-

coitado

-


lhe sobra um charco imundo

de uma praça


-

sítio em extinção

-


no urbe asfalto...


se aventura além

das sujas águas

e da parca grama

ritma encadeados

neuróticos saltos

por entre automóveis

escapando ao acaso

de virar amorfa massa

esmagada no asfalto


única solidariedade

da urbe ao sapo

é que o humano interventor

também reside esmagado

na tumba de concreto


circo armado








quarta-feira, dezembro 29, 2010

película





fina celulose
invólucro
teia:
expõe a desproteção


o destraído gesto
que não é acaso
mas inverso
descuido


sufoca
exaure rompe

sob as vestes
do desvelo
o contrato

quarta-feira, novembro 10, 2010

metrônomo humano


os ponteiros do relógio
tropeçam
na velocidade das demandas
eu
somente
olho a rede
convite ao balanço de Morfeu

terça-feira, outubro 26, 2010

braille




me leva pela mão
mas eu seguro em ti


não me deixa segura demais
que eu preciso não sentir


olha,
se abro pestanas,
posso tropeçar


meu propósito é outro sentido
meu percurso é imprevisto


eu quero
por outras vias
enxergar