quinta-feira, setembro 03, 2009

da arte de untar besouros

adestrar lagartixas em coleira de cordão
ouvir dos outros que me desencaixava
tinha quatro olhos,
orelhas de abano
bronze de vela, macaxeira, fantasmagoria
e tamanho de levar safanão

ainda era pior
padecente de uma timidez desinibida
estranho jeito de proteção
falava, ria, contava causos
como se nada abalava a fundação
de mim

era agonia, mesmo assim.
alguém sempre apontava
rente
o rabo do gato por trás da cortina

brincadeira de esconde-esconde
comecei a constatar
que desencaixe era via-mestra
regra do jogo
pueril até

finquei estrela no esquisito
pago preço
compro risco
e de larva a borboleta
faço o caminho do riso
e chovo vez em quando
porque germino

2 comentários:

maria daniele duarte disse...

como tu consegue fazer isso hein?sentar na frente do computador e redigir uma descriçao de si mesma de uma maneira tao poetica,tao particular,mas que ao mesmo tempo faz a gente-leitor- se identificar de alguma forma. roubei uma parte em que me encaixo: "de larva a borboleta
faço o caminho do riso
e chovo vez em quando
porque germino".
sabias e belas palavras.
um grande beijo flô.

lagarta disse...

que coisa boa te ter por aqui, Dani! e partilhar contigo, essa troca de aprendizados... volta sempre e fica à vontade.
beijos.