quinta-feira, setembro 10, 2009

no talo

assim, quando nenhuma maquiagem encobre, nem mesmo se pensar na fantasia lúdica de palhaço, na máscara do baile à fantasia, no saco de papel com buracos apenas pros olhos...
no talo, eu hoje acordei assim. da minha refinaria pessoal, só saem desejos de que o ampulheto escorra ladeira abaixo, ligeiro como susto e um fulminante infarto. me leve junto na corredeira, como embrulho orgânico de ébrio: massa, ossos, vísceras, líquidos... tudo desarmado de prevenções, entregue ao passo em falso, suspenso como funâmbulo hipnotizado. no gabinete de Caligari, eu mesma, sonâmbula imperadora dos fantasmas e expressionismos esconsos de uma arquitetura que não cabe na ordem pré-fabricada, e que cansou de ser responsável, comprometida, infalível. quero um imenso erro deliberado e inconsequente, mas não de todo pressentido, que me salve do meu inludibriável bom senso e juízo.

quero entalhar - no talo, na raiz, no fundo oco de onde me brotam os pântanos - as cicatrizes visíveis, doentes e reincidentes, dos cacos de lixo que recolho por onde passo.
das arestas de galhos infrutíferos, ou pestilentos e amargos, onde se instilam os venenos mais brutos, banho e nasço a eficácia do meu relato.

2 comentários:

Kenia Mello disse...

Time asks no questions, it goes on without you/Leaving you behind if you can't stand the pace/The world keeps on spinning, can't stop it if you tried to/ The best part is danger staring you in the face...
Beijo.

lagarta disse...

time is money, pra tantos. pra mim: god is time, and vice-versa.

beijo maior.