domingo, novembro 01, 2009

papéis amarelados, do fundo do baú de guardados...


Tenho partido-me de avessos. Como, numa mesma fresta de janela, sombra e raio direto: sol. Pensando em quanto me basto, e como grande fica descaber nessa constatação. Depois dela. Na vera, durante, ainda e sempre. Constatações são meteoros de pensamento em forma de inegável azulejo branco: nada contesta. Mas nada é, nem sempre, constatável; por vezes só insinuável. Sina, curva torta: sinuoso. Fazer aposta em risco é ser jogador na própria alma. Sem risco, é só exercício de corpo. Até mais e porque: em mover-se, pode-se permanecer no mesmo lugar; ou advir tombo. Um risco em que se corre é apenas uma linha, fina, reta, que pode esconder pequenas crateras, quando os pesos são mais do que pode o branco do papel. Mas não se aprende equilíbrio no plano, puro. Tem que ser matéria de gravidade.
Isso são aforismos, somente?
Afora o sonoro feito no escrever das palavras, penso esconderem-se sentidos... restam sendo aforismos? Bonita palavra, de erudição. Ficar sábio às vezes é acumular poeiras da língua no miolo do juízo, encravadas. Mas quando é sabideza de mesmo: haja limpidez. É quando tudo fica tão claro; mesmo se torto ao ponto de o pescoço dar giro sobre si mesmo. Claro de o sol assomar-se à sombra, pra que se tenha luz e fresca brisa, no conforto de um parapeito, onde a gente senta despressentido, justo por saber que por ali vai entrar aquele beija-flor, aquele que a gente esperou vir nos buscar toda vida. Aquele que a gente sabe que nasceu no nosso dentro e vamos desengolir na exata hora de mergulhar o fundo nariz no girassol.





(esse texto recebeu por nome: beija-flor de girassol, mas não é título, pois que melhor cabe é só aparecendo no final).

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