segunda-feira, novembro 13, 2006
primeiras breves dúvidas de uma lagarta infante
uma existência tão transformista quanto a sina de uma lagarta, sempre ser em trânsito, nos mais vários níveis (de casulo ao espaço aberto; de pés vários a par de asas; de fios de baba a busca de pólen; de certa recepção repugnante do mundo à admiração quase completa), só pode ser conformada a partir de serezinhos questionantes. a lagarta, ainda infante, perguntava-se: mas e se eu, por acaso, não for eu? ou seja, quer dizer: se eu sou outro ser que me esqueci de mim e um belo dia me troquei com alguém e vim parar aqui neste casulo? por que eu nasci exatamente eu e não qualquer outro bicho, coisa, pessoa? eu não existindo, que mudanças haveria na dinâmica do mundo, com a minha ausência? importa que eu saiba quem sou? ou se sou eu mesma, certa em mim? porque se eu estiver errada em mim e eu não for eu, além de eu estar usurpando o lugar de outrem, estarei desordenando o mundo. mas qual a ordem que o mundo tem, se não uma lógica de avessos e atropelos! melhor seguir lagarta-eu, em meu casulo, fazendo fios de seda com minha saliva: nobre função de pré-vôo...
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