sexta-feira, abril 23, 2010

O que você quer ser quando crescer?




Brincadeirinha das mais saudáveis no processo de lúdico conhecimento de si, despressentido ainda, para uma criança. A perguntinha "clássica" nos vem dos mais vários interlocutores: pais, "tia" das escola, tios e primos, amiguinhos... E tantos são os futuros: bombeiros, veterinários, bailarinas, caixas de supermercado (sim, meu irmão mais novo queria ser um), cantores... até médicos. Por que friso, por fim, o até médicos? Porque me causa espécie ver que, em uma distância de tão poucas gerações, entre meus amiguinhos e irmãos apareciam os que queriam ser médicos quando crescessem, apenas pelo lúdico de se brincar assim, sem as desculpas sexuais que também envolvem a expressão "brincar de médico". Sem puritanismos, meu dEUS! Mas como me assustam as escolhas destas novas geraçõezinhas, com quem lido há tanto tempo. Agora, todos querem ser médicos, mesmo os que já se formaram fisioterapeutas, enfermeiros, matemáticos até... E a outra metade quer "fazer direito"! Assim mesmo, nem é "ser advogado", mas ter diploma de bacharel em direito pra fazer concurso público.
Ai, meu são falecimento lúcido, valei-me Renato Russo: "Que país é este?" Doutores semi-deuses da medicina, porque só eles são profissionais "valorizados" e todos os outros que "os auxiliam" na área de saúde são subalternos que recebem, financeiramente, piso de remuneração muito mais baixo e, por isso, se sentem desvalorizados; ou de "doutores" bacharéis em direito (Doutor é quem tem Doutorado, óbvio assim), que nunca advogaram, mal sabem o que significa filosofia do direito ou justiça e apenas são funcionários públicos com perversa estabilidade, que acaba funcionando como "estagnação", e altos salários, cuja compensação é apenas o consumo. E salve a Tuckson" (Aquele carrão importado que parece um furgão e engarrafa a cidade, atropelando pedestres e ciclistas).

Me deu nostalgia e assumo! Viva a minha pequena trupe vital, na qual habitam bailarinos, palhaços, atores, cabeleireiros, jardineiros, fisioterapeutas, cineastas, costureiros, músicos, plantas, bicicletas e gatos, muitos gatos!

Eu queria ser bailarina, escritora ou professora (na verdade, os três), quando crescesse... Continuo sendo isso, na dança exercendo a pesquisa e a criação; na labuta diária, exercendo o magistério e, na vida, entranhada na escrita. Salve Jeová as gerações vindouras!, que ainda possam sonhar e brincar de "o que você quer ser quando crescer?"

Se não, quem valerá por nós na hora de uma reles pia entupida?

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