sábado, dezembro 20, 2008

porque o ampulheto não respeita fita métrica...

...volto no que cronologicamente se diria um ano depois.

Goethe: "aqui, como aliás em toda parte, encontro sempre ao mesmo tempo o que procuro e aquilo de que fujo."

Osman Lins: "... dependemos de coisas que nos são alheias e que não podemos dominar."

Principiei um escrito assim (que é um diálogo recente):

Pergunto assim: tentemos abstrair as contingências - e parto (nem sendo eu analista do discurso) de coisas que me disseste (nem sei o quanto de consciente havia em ti), mas - voltando ao foco da minha pergunta, como vês o que nitidamente se dá entre nós? O sentimento, o enlace, uma urgência que impera pelo contato... Estamos no terreno do verbo, eu sei. Aqui na escrita, e na relação entre nós até agora - salvo os abraços.
Sinto o terreno arenoso do perigo, e me reconheço em chão no qual já estive antes. As palavras traem e, mais ainda, quando são canal que sustém a consumação de desejos. Temo um tanto, devo admitir, o desenlace deste meu escrito. Não por como, apaziguadamente, me vejo nesse processo. Para mim creio ser mais simples: tanto o enxergar, quanto a possibilidade concreta de constatar e dar passos ao concreto. Não quero, porém, assustar-te ou pôr velocidade inatural e antecipada ao teu tempo de reconhecimento e confronto.
Vejo muito tranqüilamente os diversos possíveis desenrolares... Um ponto pacífico é: se conduzida em serenidade e delicadeza, podemos atravessar o amadurecimento natural dessa fruta sem esmaecer-lhe viço e constância e sem, menos ainda, deixá-la morrer sem desfrutar sua madureza: ser alimento. Espero me fazer clara.
Proponho desvelarmos os interditos e fidelizarmo-nos aos sentidos. A natureza do imponderável aparente e do imperioso demanda inconteste respeito. Asfixiá-la me sói ser o pior rumo: apenas trilha de perdas. Por isso, admito, não me estou furtando ao que me cabe, pelo avesso: chamo a mim a responsabilidade do precipício. E estendo minha mão, para que a ela acorrentes a tua.

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