segunda-feira, agosto 24, 2009

mirantes passeios

um dia se foi,
a mirar-se no espelho
narciso inverso
das águas saía-lhe
não um encanto,
mas um susto primeiro:
via-se sem máscaras,
com a face por inteiro.
os vincos, as rugas, as dores
os medos...

e lembrou de alice
a menina loura
que não queria ser louca
que buscava a razão
e perdeu-se nas terras
das maravilhas e
dos espelhos
com uma rainha de copas
um gato com sorriso e sem botas
uma lagarta fumante
um chapeleiro maluco
e uma lebre atrasada

no fim de tudo,
alice só encontrou a si mesma
ainda mais enraizada...
e ele voltou pra si mesmo
sua única casa.

2 comentários:

Kenia Mello disse...

Que lindo texto, Renata.
Sobre a disjunção final, eu diria que ela é aparente porque se faz apenas da perspectiva do narciso.
Beijo.

lagarta disse...

eita, adorei o comentário, eu que me sinto lisonjeada pela tão fina percepção. ah, leitores de bons olhos, que funambulam leve e habilidosamente pelas entrelinhas!
beijo.