A perseguição do vento, eis eu.
O que sou e faço.
Sinto.
É curioso como permaneço a amar-te,
mesmo quando não te amo.
Reconheci logo tua voz. Volta de viagem, tempo da saudade. Não nos juntamos, tampouco nos apartamos. Sina.
Disseste: sabes quem é?
Eu, óbvio, esperava já antes de ouvir-te. E mais: queria só ouvir a tua voz.
E disseste: sou eu, bom dia.
Eu súbito intimidada; passei a ter medo, como antes. A minha voz tremia, vez em quando e de repente. E com o tremor, novo de repente, ela (a voz minha) voltava a encontrar a pronúncia de nosso particular dialeto. Eu sabia que ainda me farias busca, soube-o desde desde. Somos perseguição do vento. Eu não, sozinha. Nós duas. De um livre liberto que é o amor que nos liga, nos ata.
Mas existe acaso de sabe-se lá que natureza: somos um quase-lá-sempre. E dei de nos fazer existir em escritas. Jeito de manter-nos mais quente, em mim.
E depois disseste de quem agora sempre vês: família, a minha.
Eu falei trivial. Por antes de tudo que me saía em som, todavia, o que eu significava era: como dantes, que ainda te amo, que nunca poderia deixar de amar, que te amaria até sempre.
Eu, o melhor livro. Mas aquele que te fica apenas em cabeceira, na lembrança esporádica - de cor, de coração – que te brisa o ar, te colore de águas e rio, mas no qual não te fazes lar.
(isso foi escrito nos idos de 2004)
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2 comentários:
que boniteza.
boniteza rima com tristeza. dizia borges, ele muito mais velho, mais sábio e, cego, melhor de enxergar que eu: só a tristeza cria...
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