palavras
umas soam engraçado
são sonoras
outras parece que travam
ou arranham
como pra traduzir um sentido áspero
umas são úmidas
como escorregando
por saliva de boca faminta
outras visgam
como sedento músculo
língua
quando trava
esperando água
domingo, agosto 30, 2009
sexta-feira, agosto 28, 2009
RG: a língua do grande ser tão...
quando eu dizia: “balão”, ele sabia. era o socorro necessário, pra o “me tira daqui”. “ei, coruja, me pega no balão. tem chá que queima azedo lá fora” isso queria dizer: "vô, te amo. me tira daqui e vamo tomar sorvete.” uma língua inventada no feliz, a possibilidade de ser sem sacos de areia, sem corda, de existir como balonista, que vai se despindo dos pesos pra subir e ganhar voo.
segunda-feira, agosto 24, 2009
mirantes passeios
um dia se foi,
a mirar-se no espelho
narciso inverso
das águas saía-lhe
não um encanto,
mas um susto primeiro:
via-se sem máscaras,
com a face por inteiro.
os vincos, as rugas, as dores
os medos...
e lembrou de alice
a menina loura
que não queria ser louca
que buscava a razão
e perdeu-se nas terras
das maravilhas e
dos espelhos
com uma rainha de copas
um gato com sorriso e sem botas
uma lagarta fumante
um chapeleiro maluco
e uma lebre atrasada
no fim de tudo,
alice só encontrou a si mesma
ainda mais enraizada...
e ele voltou pra si mesmo
sua única casa.
a mirar-se no espelho
narciso inverso
das águas saía-lhe
não um encanto,
mas um susto primeiro:
via-se sem máscaras,
com a face por inteiro.
os vincos, as rugas, as dores
os medos...
e lembrou de alice
a menina loura
que não queria ser louca
que buscava a razão
e perdeu-se nas terras
das maravilhas e
dos espelhos
com uma rainha de copas
um gato com sorriso e sem botas
uma lagarta fumante
um chapeleiro maluco
e uma lebre atrasada
no fim de tudo,
alice só encontrou a si mesma
ainda mais enraizada...
e ele voltou pra si mesmo
sua única casa.
terça-feira, agosto 11, 2009
cada cão
Cada cão com o seu dono
e a vida segue seu
prumo
particular
mas quem decide rumos
pensa em impérios
nas potências
e não
nos aparentes fáceis trocadilhos
com os impropérios e as prepotências
todos mais cabíveis que o ônus
de se ser um cão sem dono
ou mais incabível
aparente miúda lógica
inversa:
um não dono
e a vida segue seu
prumo
particular
mas quem decide rumos
pensa em impérios
nas potências
e não
nos aparentes fáceis trocadilhos
com os impropérios e as prepotências
todos mais cabíveis que o ônus
de se ser um cão sem dono
ou mais incabível
aparente miúda lógica
inversa:
um não dono
domingo, agosto 02, 2009
felinas (pra Zuzi e Nina)
me chama com um sorriso
de olhinhos piscando
é quando
se declarando
retorce o contorno do corpo
e vira-me as costas
quando te acarinho,
te falta ainda mais a voz
e me tomas a mão
como brinquedo
enrolada como num ninho
depois o salto e
os olhinhos
piscam outra vez
um miado rouco e leve
de quem diz:
agora já foi
enrolada como num ninho
depois o salto e
os olhinhos
piscam outra vez
quero meu canto,
me deixa aqui
estátua de pelos
enrolada como num ninho
vou enfeitar tua vista
e velar teu sono
de passarinho
de olhinhos piscando
é quando
se declarando
retorce o contorno do corpo
e vira-me as costas
quando te acarinho,
te falta ainda mais a voz
e me tomas a mão
como brinquedo
enrolada como num ninho
depois o salto e
os olhinhos
piscam outra vez
um miado rouco e leve
de quem diz:
agora já foi
enrolada como num ninho
depois o salto e
os olhinhos
piscam outra vez
quero meu canto,
me deixa aqui
estátua de pelos
enrolada como num ninho
vou enfeitar tua vista
e velar teu sono
de passarinho
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