às vezes há situações no plano do existir concreto em que nos sentimos espécies de paspalhos joguetes nas mãos do titereiro escrotinho do tempo, do universo e dos confins da terra das piadas de humor negro...
o que fazer de uma espera que, à beira de encerrar-se, vê-se prolongada por mais duas inteiras jornadas de 24 horas?
se fosse um roteiro ou argumento ou mesmo script: talvez uma comédia de erros que soaria inverossimilhante e risível justamente como anedota do absurdo...
terça-feira, dezembro 19, 2006
sexta-feira, dezembro 15, 2006
tanta terra
conversar de equilíbrio sempre devia ser sob a lona do circo. não aquele velho sentido metaforizante (façam-me o favor!) de pensar apenas no riso, no palhaço. a magia e a arquitetura, o equilibrismo em todos os sentidos, de viver na corda bamba, no incerto da estrada, no destino sempre por vir sem nenhuma grande pista: único inquestionável é o movimento. eu, pobre inseto feito de ciclos muito marcados e reiterantes (trocadilho infame, não retirantes), apavora-me uma tal rotina.
engraçado, tantas metamorfoses na vida de uma lagarta não fazem dela organismo afeito ao incerto. porque sempre há o casulo, sempre há a crisálida, sempre a borboleta: ciclo é tão diverso de incerto.
lagartas são espécie de árvore, cujas raízes se ramificam, se dispersam ou mesmo se extendem, mas sempre por percursos e vias fincados num chão: tanta terra.
eu quero ser árvore de sonhos, que vinga nas águas e no ar, se purifica em labaredas, aquecendo quem delas precise, inclusive do alimento. eu quero ser madeira, que da terra nasce, nela se finca, mas aprende a mutar de forma tão mais vária, que vinga no rio, que se faz canoa no mar aberto para dar abrigo a pastores de nuvens.
engraçado, tantas metamorfoses na vida de uma lagarta não fazem dela organismo afeito ao incerto. porque sempre há o casulo, sempre há a crisálida, sempre a borboleta: ciclo é tão diverso de incerto.
lagartas são espécie de árvore, cujas raízes se ramificam, se dispersam ou mesmo se extendem, mas sempre por percursos e vias fincados num chão: tanta terra.
eu quero ser árvore de sonhos, que vinga nas águas e no ar, se purifica em labaredas, aquecendo quem delas precise, inclusive do alimento. eu quero ser madeira, que da terra nasce, nela se finca, mas aprende a mutar de forma tão mais vária, que vinga no rio, que se faz canoa no mar aberto para dar abrigo a pastores de nuvens.
sexta-feira, dezembro 08, 2006
solidariedade do ampulheto
e ao mesmo momento, gentileza, deferência especialíssima a um dileto filho: quando em meio ao sufoco de um pesadelo, o sono é despertado pelas horas...
a engrenagem do ampulheto
arenosa, como tempestade sólida de deserto. cheia de camadas, porém. percebê-la como apenas um todo que desmorona sobre nós e nos condiciona é ingênuo, como uma ignorância pressentida. em seus anéis, encaixes, em suas molas e arestas o ampulheto circula em vagas ondas, sempre revisitantes de um mesmo semelhante ponto, o de mais pungência, sobretudo aliado à ansiedade, sua parceira. mas se faz sabedoria em ludibriá-lo, nos vãos dos pensamentos e das sensações, quando se é maior que ele, sabendo-se seu fiel depositário, mas nunca passivo. ahh, o ampulheto, dEUS mascarado.
segunda-feira, dezembro 04, 2006
uma conversa chamada confissões
é muito mesmo quando a nossa memória produz lembranças, e não nos furtamos de as confessar. sobretudo ao alvo delas, as remembrâncias...
sexta-feira, dezembro 01, 2006
naquele então
é uma expressão que muito me apetece: o dialeto lagártico tem suas idiossincrasias (outra palavrinha de que gosto). pra se falar de um tempo ido, nada mais nostalgicamente poético que iniciar "naquele então". e mais bonito ainda é se for seguido de um desanuviar: que vem da variação oralizada de nuvem (óia a núvi, hômi), somada com o prefixo des. uma espécie de alaguaceiro, portanto. um desaguar. desanuviar é quando a nuvem se desfaz, ou seja, se "liquefaz": cai em chuva. pode ser um choro, um alívio, um desabafar de pensamento. desanuviar, então, é coisa terapêutica. é caminho de cura...
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