sexta-feira, maio 07, 2010

parece até mais do mesmo




o quanto já escrevi por aqui sobre felinos, nem sei... mas acho que nunca principiei a história da minha funda relação com os bichos começada pelos cães: primeiro convívio e cuidado de estimação. talvez tenha mencionado arisco (o nome mais despropositado pra natureza de uma criatura; era ele um boxer tão afável que mais deveria se chamar mingau), companheiro meu embaixo da mesa de jantar. mas essa é história outra, a que penso já ter aludido neste sítio.
só que dos muitos cães, amores verdadeiros, sem dúvida, a vida me converteu: pelo encontro com zureta e nina. a proximidade e a coabitação com os gatos é ímpar, peculiar e sutil, como só a elegância e a dignidade da espécie poderiam proporcionar.
a fidelidade não submissa; o amor que ensina limites, medidas, respeito à individualidade e ao tempo de cada um; a independência que não conhece egoismo; o carinho na exata medida; a solidariedade e a paciência de dormir todas as noites ao pé da porta do quarto, para miar pontualmente e despertar para a acolhida matinal... não só aquele que o alimenta, mas aquele com quem se travou O laço. assim é o gato.
os tolos e ignorantes repetem chavões: que é interesseiro e apega-se apenas à casa...
minhas gatas me buscam por saudade; me seguem pela casa apenas para estar junto de mim, sem babar, sem latir, sem se submeter, apenas pelo zelo da companhia, pelo piscar de olhinhos reluzentes de uma quase coruja a dizer que amam.

apegam-se à casa apenas, não é? por que, então, quando viajo - apesar de ficarem em casa e terem quem as alimente e dê água - elas perdem pelos e ficam me buscando pela residência toda?

o cão é que é fiel ao dono, não é? e quem consegue afagar um gato que não conhece e que vem correndo e se estabanando, virando barriga pra cima? zureta e nina são fiéis à "dona" suposta delas (elas que me possuem, na verdade)... desafio os que cheguem e elas permitam intimidades e toques sem antes muito exame, uma aquiescência imensa minha e o veredito (delas) de que a pessoa merece essa concessão. já eu, posso tocá-las, mesmo que elas me saibam dizer sutilmente (com um levíssimo mover de coluna) que não querem o toque naquela hora. afinal, nós às vezes também não queremos ser tocados em um exato momento...

a cada dia descubro algo novo e diferente pelo olhar delas. a curiosidade e a audição inacreditável; o equilíbrio e a absurda elegância; a precisão no "pulo do gato"; a habilidade do silêncio eloquente; a maciez do pelo e o cheiro bom; a higiene e o cuidado de si (inclusive, zelando pelos dejetos enterrados)...

uma vida inteira, aliás sete, cercada de felinos é o que preciso para a cada dia converter-me mais em uma deles. amém.

fotografia: Raíssa Moraes

5 comentários:

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

sou suspeito para falar já qeu tenho muitos gatos e creio que eles são bons amigos

lagarta disse...

pois é, quem os tem sempre se torna cativo deles: os felinos! seja bem vindo por aqui!

lagarta disse...

pois é, quem os tem sempre se torna cativo deles: os felinos! seja bem vindo por aqui!

AMARela Cavalcanti disse...

fazia tempo que não vinha por esses lados, mas que felicidade quando cheguei aqui e li esse post.
fico besta em ver como tu "descreve" com exímia perfeição criaturas tão perfeitas. eu tb sou suspeitíssima para falar, né? não consigo imaginar uma vida sem gatos, sem a lealdade, amor verdadeiro e beleza natural tão comuns a eles, sem falar do beijo. tu me ensinasses o "beijo degato" e agora dou direto em missy (que está com bebê denovo, para variar).
minha vida inteira eu só os aproximo... e tu é um deles!!!
AMO todo e qualquer felino!!!

beijos da nossa espécie, amora minha!

lagarta disse...

tão bom receber tua visita, amarelinha! pois é, eles são a parte melhor de nós, os que com eles aprendemos. beijos de gato, sempre.