domingo, janeiro 31, 2010
da série: e os medos...
todo mundo, não adianta disfarçar, mentir ou esconder, os tem. das mais diferentes manifestações e pecualires formas, causas as mais diversas, daqueles que quase apenas vão somando-os, renovando-os com qualquer desconhecido, qualquer novidade, qualquer mudança. e paralisação ou fuga imediata e irracional são as reações mais comuns.
deixar de mover-se pelo medo, ou intempestivamente, por vezes até, colocar-se em maior risco, também em decorrência de irrefletida reação a ele.
particularmente, acredito na adestração, de todos os seres a si mesmos, sobretudo e inclusive. assim sendo, amém, uso dele pra me mexer, pra me alimentar ao movimento e à reflexão sobre as necessárias mudanças, pra que de muda (de pequena planta) se vá ao viço de raiz e árvore, mas que se sabe transplantar de solo, quando valha a pena.
terça-feira, janeiro 26, 2010
rabiscos e esboços
foi assim, uma tênue primeira noção que tive de ti. mas ela foi como um lampejo lúcido demais. insuspeito, por em tão breve intervalo já me vir tão nítida percepção. mas dos tais designios de árvore não se desdenha: como o céu se absurdando nas cores de pré-chuva...
uma certeza de raiz que se renova, mesmo havendo intempéries (em geral externas), mesmo havendo as podas do entorno, mesmo havendo distâncias, saltos, sustos e o novo, tudo se soma e se encaixa na loca em solo fundo, onde foi construída a morada: lar e raiz, proteção e curso de rio; vida e amor renovados em volume tanto de assombro dos pássaros, das borboletas que habitam o estômago e dos votos sempre naturalmente renovados.
(imagem: foto de André Kertezs)
da espera
a beleza de se contemplar
simplesmente
abrir a porta
e os olhos
lá estão
verdes
diversos tons e cores
folhas, frutos,
cheiros e raízes.
a eletiva paciência
arte de espera
um sempre desejo
de em todas as fases
ser a mão
que pôs a germinar
a semente na terra
(imagem:http://www.overmundo.com.br/_banco/produtos/1200612053_over_table.jpg)
quarta-feira, janeiro 20, 2010
o elemento terra
e quem há de, por mais cético que seja, resistir a vida inteira e nunca ceder à tentação do metafísico, das explicações além do puramente racional? e quem há de, em terreno vizinho, por mais cético que seja, passar incólume toda a vida às questões relativas à astrologia?
taurina com 14 elementos em terra, quando o restante (água, ar e fogo) se equilibram em torno de 5 cada?
voltei a fincar bem os pés no chão, meu, em que planto e roço meu pequeno bocado.
e penso em caio f., na imensa sabedoria e intuição desenvolvidas pela leitura dos sinais dos astros. e lembro de hilda h., a mais que sempre sábia senhora das transcendentalidades. e mergulho na percepção do entorno e do cosmos. amém.
segunda-feira, janeiro 18, 2010
loca
era a sensação orgânica chegando, no mais primário sinal, e a resposta se fazia. nem sei muito como ou de onde veio esse hábito, mas bastava sobrevir alguma menção de enfermidade, a menina se amuava por dentro, ia se aquietando e se aninhava no improvável sítio. ela e seu fiel companheiro, por batismo tinha um nome que anunciava o exato avesso de seu temperamento (chamava-se Arisco, quando era a mais doce das criaturas, de largo sorriso bonachão). a menina e o cachorro escondiam-se, lá mesmo, embaixo da mesa de jantar, no cantinho da parede, juntos e abraçados. o mundo todinho lá fora fazia uma parede de inimigos, imprudências, desconfortos e um exército de ameaças. acho que assim ela sentia, pelo que seu hábito pode dar a ler. a menina - tão breve era sua trajetória até ali no calendário - já carregava marcas tantas que sabia ser esconderijo, ao lado do fiel amigo, o melhor lugar para se convalescer.
quinta-feira, janeiro 14, 2010
essa tal história tão (des)conhecida
envolvido está o poeta com sua amada, que lhe foi musa e lhe é reconhecida como alma gêmea. mas o desgaste do tempo; o impulso humano pela novidade, pela excitação à flor da pele, pela conquista, por sentir-se desejado/cobiçado; a predadora mania de exercer atração/poder sobre si e sobre outrem levam tanto o poeta quanto sua companheira a tentações nas quais incorrem, escorregam e se perdem. se as recompensas imediatas satisfazem e compensam a necessidade tão grande quanto o lado impulsivo de se ter porto seguro, de se ter laço mais fundo? não sei se o poeta sabe a resposta. muito menos se a musa o sabe. sei que a (retro)alimentação e saciedade da inspiração e do devoto sentimento permanecem enigma de esfinge e a corda bamba é a certeza.
terça-feira, janeiro 12, 2010
animal adaptável
o bichinho que dizem apegar-se tanto apenas ao lar. a ignorância do homem, meu dEUS. define as outras espécies tomando por base a si mesmo, suas próprias percepções equivocadas. gatos não são fieis aos donos, se apegam à casa. e eu, na nova morada, comprovo ainda mais o quanto minhas meninas Zureta e Nina sentem-se à vontade mesmo é conosco ao lado. felizes na nova moradia, passeiam pra cima e pra baixo (fazendo ginástica pras pernas e pros glúteos rsrsrs) nas escadas, miando alto e nos chamando, nos seguindo feito se diz dos cães: minhas melhores amigas, elas.
segunda-feira, janeiro 04, 2010
casulo novo
depois de longa ausência, em que tecia de baba novos fios de morada, que mais parece esconderijo interiorano, magicamente a alguns passos da dita civilização, que a cada dia mais me parece uma algazarra de superpopulação e agonias de toda ordem, volta-me a conexão ao mundo virtual: ponte entre o semi-rural em que me abrigo agora e a vida high-tech. e volto para dizer de mim, da lesma que me passeou no terceiro dia de moradia pela sala (eca, a natureza também tem formas asquerosas) e do sapo cururu imenso que visitou meu terraço hoje, após o charco da chuva grossa de verão invernal (outra criaturinha bem nojentinha e feiosa, diga-se de passagem, embora sirva para comer mosquitos e dar atestado de o quão bucólico é meu novo lar).
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