Parasita dos parasitas, xingam-te aos dias. Asco e nojo, imundície, ausência de higiene até dos donos de teus “donos”, ou hospedeiros, mas bem politicamente correto. E por quê? Por sugares quem dos homens supõe-se melhor amigo. Mas parasitarias o cão, ou o próprio dele dono? Se é o pobre cão afabulário ser, apenas o zé que do lado sempre permanece, o rabo elétrico de vida, o que não contesta, tu o atacas, mas para dar medida de fraqueza do dono.
[Como nem de um melhor amigo se sabe cuidar? É só o que o teu cãozinho te pede, um pouco de comida (ração industrializada, que já vem balanceada, alta tecnologia nutricional), um pouco de afago, e um eventual ritual higiênico de banho. Para que tu, o dono, possas gozar do privilégio de não prescindir de teu cão, mesmo nos aposentos mais privados do lar.]
Mas, voltando a ti. E não adianta, nem mesmo, que algum prazer queiras dar àquele macio pêlo, com a coceicinha prazerosa. És do mundo sub, do mundo i, do que deve ser exterminado, como prova de assepsia. És inimigo número um da sociedade capitalista organizada em mercados globais, e existirás sempre, sem o extermínio definitivo, não pelo poder de regeneração da tua natureza, mas como alimento ao nicho de mercado que se ocupa em sempre descobrir novas e (in)eficazes armas de combate à praga-que-és-pulga.
O sonho teu, então, é: engolir a própria língua, a sensação é de fracasso, incompetência total. Quando se é uma pulga que não encontra endereço seguro, espaço exilado interno e externo, único falante de uma língua muda e morta. Tudo em teias de aranha e mofo por dentro. Em verdade, nem muda o cenário, só tua auto-comiseração travestida em orgulho. Moça esnobe, aristocrata dos becos, descontente se alojada em “hotéis” sem pedigree. O único órgão que pulsa é a cabeça, acompanhada por muita dor, para que a pulga saiba-se ser inferior na hierarquia viva universal.
E nem adianta alegar envolvimento emocional, ou talvez impossibilidade de vivência apartada de tua moradia. Em resumo, não te apaixones por aquele que julgam ser tua vítima, serás sempre algoz!
Então: Olha para trás, pulguinha. Que abrigo construíste; como é a tua morada? Lamacenta toca, aparentemente plástica e higiênica, mas cheia de bolor a cada canto não observado. Pulguinha, te deixaste convencer da sina parasita, para do ego fugir. Sofreste a pena maior, de pulga te foste humanizando, criaste mãos, dedos, olhos, nariz e boca. E o teu sexo equivocado. Esse, sim, o mais irônico presente dos teus deuses. Não há como negar o material de que foste feita, origem é bagagem da qual ninguém se pode desvencilhar, a não ser pela renúncia à consciência. A não ser que aprendas a, todas as noites, seguindo rígida disciplina, sonhar e engolir a própria língua.
MORAL DA HISTÓRIA: Não adianta a uma pulga querer ludibriar sua natureza.
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