segunda-feira, maio 11, 2009

Sem amarras

a forma mais simples que me ocorre de expressar:
queria dizer com a maior precisão
sem que a metáfora abrisse mão de sua pessoal polissemia
eu queriaque se fizesse entender de múltiplo jeito
único
o que a falta de ti
em mim faz existir
uma morte devia ser fim
mas quando um se vai
ficam todos os outros
condenados a uma permanência

o que a tua ausência deixou em mim

o que a tua ausência deixou em mim
é a maior e melhor parte do que sou.
herança genética é somente razão

quero mesmo o saber de sentir,
que nem mesmo carece de explicação
apenas constata-se: é!

a forma mais simples que me ocorre de expressar:
é poder torcer a gramática
elastecer regras para caber
nelas o indizível
nelas o que não se pode medir
um diapasão que rompe os metros
um reverso de mim.

sorri de uma dor,
porque no meio há a lembrança
feliz e indecente
do dia em que aprendi:
a cada três passos meus
chegava em ti.

o abraço era a distância maior
entre a gente,
porque meu olho já te dizia:
mesmo quando fores
romperei peito e casca
crostas que nem sei ter
mas permanecerei em ti
que me levas e me deixas
te fazer seguir

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